quinta-feira, 5 de julho de 2012

Os Flamingos Perdidos de Bombaim

"... Karan descobriu que, com o passar do tempo, não chegara a esquecer Zaira, tal como a sabedoria convencional o fizera crer; em vez disso, começara a recordá-la melhor. As suas especificidades eram apenas cortantes e resplandecentes, como a ponta de uma lança. Pormenores incontáveis agitavam-se no ar como traças perturbadas antes de gelarem lentamente para formar algo de composto e sólido, algo que se encontrava numa oposição direta e indiferente à neblina da memória.
Relutante, tristemente, começara a aceitar que um ser humano não era apenas constituído por tudo aquilo que possuía, era também constituído por tudo aquilo que perdera".



Os Flamingos Perdidos de Bombaim, Siddharth Dhanvant Shanghvi, trad. de Maria João Freire de Andrade (Civilização)

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