terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Luz de Faulkner


A 25 de Setembro de 1897, nascia William Cuthbert Falkner (mais tarde alteraria o seu apelido para Faulkner). Ou seja, há exatamente 115 anos.

O maior escritor norte-americano de sempre (quais Franzen, quais carapuça!), recebeu em 1949 o Prémio Nobel da Literatura; em 1951, recebeu o National Book Award com "Collected Stories"; e em 1955, volta a receber este prémio com "A Fábula" (livro que tive o enorme prazer de traduzir). Neste mesmo ano, recebe também o Pulitzer com "A Fábula", e em 1962, viria a receber de novo o Pultizer, com o seu romance "Os Ratoneiros".

Estes são poucos dados de um homem que é, para mim, "larger than life". Foi à semelhança de Bernard Shaw, um "adorável mentiroso", na sua juventude. Criou-se, ou recriou-se, no papel de oficial cujo avião foi abatido durante a guerra (a 1ª, é claro; a Mãe de todas as outras).

Poderia falar muito de Faulkner. Sei muito a respeito deste senhor. Tenho uma tese, escrita e apresentada a seu respeito. Podia dizer-vos que ficou conhecido pelo seu "experimentalismo" na dicção e cadência do inglês. Poderia dizer-vos que foi o criador do "universo" de Yoknapatawpha, porque é de um universo que se trata. Podia dizer que ninguém escreveu o Sul dos Estados Unidos como ele; que o verde é mais verde com Faulkner; que o calor do verão mais quente lisboeta, não se compara ao calor de Faulkner; os seus cheiros são mais intensos, as suas sombras mais escuras, e as suas aragens mais frescas que as da vida real. Podia contar-vos que, ao ser apresentado a Clarke Gable, na época, o Rei de Hollywood, este lhe terá perguntado: "Muito prazer, Sr. Faulkner, como é que o senhor ganha a vida?", ele terá respondido: "Ganho-a a escrever romances, e o senhor?".

Podia dizer tanta coisa, mas seria sempre pouco. Faulkner é Faulkner, é este nome que se enrola na língua, é este folhear de páginas que não queremos parar. São os seus 19 romances, os seus 125 contos, os seus 20 argumentos, 1 peça, 6 antologias de poesia, bem como centenas de cartas, ensaios, artigos e muito mais, que nos saberão sempre a pouco.

Faulkner morreu em 1962, e eu nasci em 1965. Tenho pena que não tenha esperado por mim. Mas quem sabe?, talvez um dia, nalgum universo paralelo nos possamos encontrar. Sentar-nos-emos em cadeiras de baloiço num alpendre, a beber salsaparrilha, a ver passar os negros que conduzem mulas com chapéus de palha. Falaremos, então, daquele verde tão intenso que nos queima os olhos, daqueles rios que reluzem como diamantes. Falaremos de Fábulas, de Palmeiras Selvagens, de Santuários, de Sons e Fúrias. E falaremos da Luz de Agosto, porque enquanto houver Luz e enquanto existir Agosto, estes brilharão sempre em nome de Faulkner.