sábado, 2 de maio de 2015

Dois ANos



Na próxima 2ª feira, faz dois anos que me encontro em Inglaterra. Aqui, pelo norte, pela cidade vermelha (com uma breve passagem por uma das vilas brancas, que na verdade odiei). Mas, caindo um pouco num lugar-comum, o meu "coração é vermelho".

Manchester é vermelha, até ao âmago. Não o vermelho associado a um partido ou organização, mas um vermelho mais profundo, um vermelho que vem da alma, de uma memória historico-génetica de ser-se arrasado, de ser-se rebaixado, e erguer-se dos escombros com dignidade e força. Manchester é a Revolução Industrial, é o berço do Manifesto Comunista, é o lar do grande Alan Turing. Manchester são os Smith e os Joy Division. Manchester é Anthony Burgess e o seu "Laranja Mecânica"; é Emmeline Pankhurst e o movimento sufragista. Aqui, foi criado o primeiro computador ("The Baby"), e o então chamado movimento vegetariano. O seu motto icónico foi durante séculos "What Manchester does today, the world does tomorrow". Aqui, nascem sonhos que se transformam em ideias, todas elas radicais quando consideradas nos seus períodos históricos.

Não me arrependo um único dia de ter escolhido Manchester como a minha terra adotiva. Arrependo-me sim dos anos que não passei aqui. Já passou o período de lua-de-mel, já vejo claramente todos os defeitos, mas continuo tão apaixonada como no primeiro dia. Não é uma cidade turística, não tem muito que se ver, até pode ser um pouco violenta. Mas é uma cidade acolhedora, uma cidade sem preconceitos, uma cidade onde todos podem ser iguais. Manchester é mais do que uma cidade, é um pensamento radicalizado, inovador, criador, multicultural, multiétnico. Em Manchester, tudo é possível.



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